O projeto Bioimaging Brasil - Democratizando a microscopia no Brasil teve início em 2021 e visa catalogar e visitar grupos de pesquisa em todo o país para ofertar capacitação para o uso da microscopia intravital (IVM), usando soluções de baixo custo. A iniciativa é coordenada por Gustavo Menezes, imunologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceira com Heitor Paula-Neto, doutor em química biológica e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A microscopia intravital é uma técnica que permite a visualização de fenômenos biológicos ocorrendo em organismos vivos (in vivo). O Bioimaging Brasil surgiu em resposta à grande demanda de procura pelo Centro de Biologia Gastrointestinal (CGB), que dispõe o uso de seus equipamentos de forma flexível, além de contar com uma equipe especializada na área. Sediado no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB – UFMG), o CGB é o único Centro de Excelência Nikon do Hemisfério Sul.
O projeto foi selecionado na chamada “Expandindo o acesso global à bioimagem”, realizada pela Chan Zuckerberg Initiative (CZI), para receber recursos da organização filantrópica criada pelo presidente da plataforma Meta, Mark Zuckerberg, e sua esposa, Priscilla Chan. A instituição coleta recursos do Vale do Silício e distribui para diversas frentes de pesquisa ao redor do mundo. O Bioimaging Brasil também conta com a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) atuando na gestão administrativo-financeira, gerenciando os fundos fornecidos pela CZI.
O Bioimaging Brasil é uma iniciativa pioneira, que trabalha com a microscopia intravital. O que a diferencia de outros métodos é a sua capacidade de possibilitar a observação da dinâmica dos eventos biológicos no momento e local exato em que acontecem. O seu uso enfrenta obstáculos pela falta de acesso e conhecimento de como utilizar a tecnologia da maneira correta, atingindo todo o seu potencial. A missão do Bioimaging Brasil é ajudar os profissionais a superarem essas dificuldades.
O projeto tem como metas, ao longo do seu período de atividade, alcançar todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, estabelecer ao menos um centro de referência em microscopia intravital em cada um deles e, por fim, fortificar o significado de comunidade científica, estreitando a relação de colaboração entre alunos, pesquisadores e técnicos em todo Brasil.
Para democratizar o acesso a essa tecnologia em todas as regiões do País, o Bioimaging Brasil promove treinamento e capacitação dos centros de microscopia, realizando pequenas adaptações nos equipamentos dos laboratórios, quando necessário. Todo o processo não gera custos para a infraestrutura atendida.
O pesquisador Gustavo Menezes ressalta o intuito do projeto de percorrer todas as regiões brasileiras. “O objetivo inicial é capacitar os profissionais para que eles possam começar a produzir bioimagem com os equipamentos que já possuem e, posteriormente, buscar os próprios recursos, possibilitando a realização de pesquisas biológicas de melhor qualidade. Esperamos alcançar o Brasil inteiro, para diluir estes processos que estão concentrados no Sudeste, levando o acesso a pesquisa para outras regiões do País”, complementa.
Os laboratórios interessados em participar da iniciativa precisam se candidatar pelo formulário disponível aqui. Para a inscrição ser válida, o local de pesquisa precisa ter uma estrutura mínima de microscopia - ao menos um microscópio - e ter um projeto de pesquisa em andamento, com perspectiva de uso da técnica de IVM. Para ampliar as oportunidades, laboratórios já reconhecidos como centro de referência em bioimagem não podem participar.
Para facilitar o acesso de pesquisadores e intercâmbio de equipamentos, é preciso que a estrutura esteja localizada próxima a um aeroporto em uma distância máxima de 100 km.
Após a inscrição, todas as submissões são analisadas pelo time do Bioimaging Brasil, juntamente com um comitê externo selecionado pela própria equipe. Entre os critérios de desempate para a escolha do laboratório, estão o gênero do pesquisador principal (mulheres desempatam), a infraestrutura apresentar diversidade em seu quadro de colaboradores (mulheres, negros, indígenas, integrantes da comunidade LGBTQIA+) e estar localizada em uma região com um IDH menor do que os dos outros candidatos.
Realizada a seleção, o projeto entra em contato com o laboratório escolhido para anunciar o resultado e começar a preparação da capacitação, alinhando as aulas às necessidades e área de atuação do grupo de pesquisa. A primeira etapa do treinamento é uma palestra teórica sobre microscopia intravital, ofertada para toda a comunidade científica da região. O intuito é informar sobre a técnica e divulgar ao público interessado que o laboratório se tornará uma referência regional sobre o tema. Já a segunda fase é apenas para a equipe do laboratório selecionado: trata-se do conhecimento prático da IVM.
“A iniciativa espera contribuir com a ciência brasileira, fomentando a produção de conhecimento nacional na área de microscopia. A ideia é que haja realmente uma rede de contato entre os pesquisadores”, explica Maísa Antunes, gestora científica do projeto.
Ao total, 12 laboratórios já foram selecionados para receber o apoio do projeto, cinco já foram visitados e mais cinco receberão a equipe do Bioimaging Brasil até o fim de 2023. Para 2024, a expectativa é selecionar pelo menos mais 12 infraestruturas de microscopia, visitando-as e oferecendo a capacitação na área.
“Esperamos que esse projeto sirva de molde para que outras iniciativas, em outras vertentes científicas, surjam e sigam o mesmo modelo. Se funciona com bioimagem, pode funcionar com matemática, português, geografia e outras áreas de educação. Estamos desenvolvendo um protocolo de distribuição de conhecimento pelo Brasil, a baixo custo.”, reforça Gustavo Menezes.
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Descrição: O projeto visa identificar e visitar grupos de pesquisa em todo o país para ofertar capacitação para o uso da microscopia intravital (IVM), promovendo soluções de baixo custo, incrementando a ciência brasileira;
Coordenação: Gustavo Batista de Menezes;
Execução: DMORF – Departamento de Morfologia (ICB – Instituto de Ciências Biológicas da UFMG);
Financiadores: Chan Zuckerberg Initiative (Silicon Valley Community Foundation);
Data de início: 01/12/2021;
Término previsto: 30/11/2024.