ExxonMobil e Marinha realizam projeto para monitorar espécies invasoras na costa brasileira

Com apoio da Fundep, iniciativa busca mapear os vetores de introdução de espécies exóticas, especialmente em áreas portuárias, contribuindo para a preservação da biodiversidade marinha

Ciência e proteção da biodiversidade são conceitos que podem andar juntos e para demonstrar isso, o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) da Marinha e a ExxonMObil, multinacional do ramo de petróleo e gás, firmaram uma parceria para mapear espécies invasoras na costa brasileira.

Segundo dados da Marinha do Brasil, publicados em 2017, a região costeira e oceânica do País se estende por aproximadamente 8.500 km no litoral, avançando pela Zona Econômica Exclusiva (ZEE) em uma área de cerca de 3,6 milhões de km2 Marinha do Brasil 2017. Nesse ambiente, a plataforma Bioinvasão Brasil registrou quase 6 mil espécies invasoras até 2023. A iniciativa da ExxonMObil e do IEAPM busca conhecer ainda mais algumas dessas espécies, além de ter uma maior compreensão sobre os vetores de introdução delas, especialmente em áreas portuárias.

Para isso, o levantamento buscará identificar padrões de bioincrustação (organismos que se fixam nas superfícies submersas, como cascos de navios) e estudar os principais mecanismos de dispersão dessas espécies.

Ao todo, o projeto receberá um investimento de R$ 15 milhões ao longo de quatro anos pela cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Fundep integra o projeto, contribuindo com expertise científica e operacional para as análises.

Invasores modernos

Diversas espécies invasoras são registradas há décadas no Brasil. Por esse motivo, muitas pessoas não têm conhecimento de que essas espécies são, de fato de fora do país e se estabeleceram há muito tempo em certa região. Por exemplo: Cães, gatos e pombos, que são animais onipresentes, são espécies invasoras.

Até hoje, diversas espécies chegam ao território brasileiro e, graças a tecnologia e o acesso à informação, a conscientização sobre essas espécies é facilitada. No ambiente marinho, um dos invasores mais recentes e famosos é o peixe-leão. Originário do Indo-Pacífico, sua primeira aparição no Oceano Atlântico ocorreu na Flórida, Estados Unidos, na década de 1990. Desde então, a espécie se espalhou pela costa americana, chegando à América do Sul em 2009, na costa venezuelana.

No Brasil, os primeiros relatos de aparições de peixes-leão datam de 2020. Em 2023 já se tinha o registro de 300 indivíduos na costa brasileira. Espécies como o peixe-leão, apesar de serem bonitas, oferecem um grande risco a biodiversidade, interferindo na cadeia alimentar e causando um desequilíbrio enorme no ecossistema, além de oferecer risco aos seres humanos graças ao seu veneno.

Texto: Arthur Henrique de Oliveira Edição: Maria Carolina Martins