Com o apoio Fundep, projeto pretende promover o reconhecimento e a valorização da cultura do samba na capital mineira.
O projeto Registro do samba como Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte é uma parceria entre o Coletivo de Sambistas Mestre Conga e o Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e tem como objetivo criar um inventário cultural e um dossiê sobre a história desse ritmo brasileiro na capital mineira, esperando alcançar o reconhecimento do samba como patrimônio da cidade. Coordenado pela historiadora Heloisa Starling, que dirige o Projeto República, o levantamento conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), vinculada à Prefeitura de Belo Horizonte.
A Fundação de Apoio da UFMG atua na gestão administrativo-financeira do projeto, acompanhando demandas da iniciativa tais como: pagamento dos pesquisadores envolvidos, compra de materiais utilizados no levantamento, suporte no diálogo com a sociedade, pagamento de diárias, hospedagens e transporte de colaboradores, entre outros.
A parceria originou-se após a live “O Samba de Belo Horizonte: memória, história e patrimônio cultural”, realizada pelo Coletivo de Sambistas Mestre Conga, que tinha o Projeto República como convidado. O encontro, ocorrido em abril de 2021, foi o passo inicial para o surgimento da pesquisa colaborativa e resultou, no mesmo ano, em uma Emenda Impositiva do legislativo mineiro que fornece recursos para a iniciativa. A Emenda foi proposta pela vereadora Macaé Evaristo (PT), sendo aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
O inventário participativo busca localizar e ajudar na preservação dos elementos que constroem o samba da capital mineira, compondo uma pesquisa que dialoga com a comunidade acadêmica e com os movimentos sociais ligados ao samba. Todas as etapas do estudo contam com a colaboração de sambistas da região. Essa ação ajuda na recuperação de pedaços da história que foram invisibilizados, como a participação da população negra na construção da cidade. Espera-se que o inventário seja entregue ao Conselho Deliberativo do Patrimônio até 2024.
Durante a primeira fase do projeto, foi realizado o mapeamento das nove regiões belo-horizontinas, identificando comunidades nas quais existe a presença do ritmo, incluindo escolas de samba, blocos, rodas, bares, espaços culturais, produções musicais, construção de instrumentos, culinária, expressões de fala e personalidades notáveis. Segundo o pesquisador Bruno Viveiros, foi possível perceber que o gênero musical está presente em todos os lugares enquanto uma manifestação cultural, artística e histórica.
A constituição do inventário será baseada no mapeamento já realizado, além de levantamentos bibliográficos, por meio de acesso a acervos públicos e privados, entrevistas e reuniões com parceiros do projeto e comunidades ligadas ao samba. A iniciativa já conta com um conjunto de cerca de 60 entrevistas.
Entre as ações do projeto, também estão previstas as produções de videoaulas, podcasts e documentário retratando as etapas da pesquisa histórica. O intuito é ampliar a divulgação para o público geral, além de levar os materiais para exibição em escolas da rede pública municipal e estadual.
Com enfoque nos estudos sobre o período histórico republicano brasileiro, o Projeto República: núcleo de pesquisa, documentação e memória surgiu em 2001, sob coordenação de Heloisa Maria Murgel Starling, (Titular Livre de História do Brasil da UFMG). A inciativa está atrelada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Fafich) e conta com colaboradores de diversas áreas, o que reforça o seu caráter interdisciplinar e seu trabalho integrado, fomentando a produção de conhecimento.
A parceria entre o Projeto República e a Fundep tem mais de 20 anos de história, com a Fundação prestando apoio na gerência de recursos, auxiliando em questões sobre a compra e entrega de materiais, entre outros.
O Coletivo de Sambistas Mestre Conga surgiu em uma plenária virtual realizada em agosto de 2020, durante o período da pandemia da Covid-19. O grupo tem como objetivo o reconhecimento do samba como Patrimônio Cultura Imaterial de Belo Horizonte e, para alcançar a meta, firmou uma parceria com o Projeto República, reforçando a união entre o samba belo-horizontino e a Universidade e viabilizando a produção da pesquisa histórica sobre o ritmo na cidade.
O projeto virou destaque na mídia, confira:
Descrição: A parceria entre o Coletivo de Sambistas Mestre Conga e o Projeto República/UFMG visa o registro do samba como patrimônio cultural imaterial de Belo Horizonte, ação fundamental para o reconhecimento e valorização dos percursos dessa tradição musical e dos personagens filiados a essa linguagem construída ao longo do tempo por mestres e mestras da cultural popular de matriz negra na cidade.
Coordenação: Heloisa Maria Murgel Starling;
Execução: Departamento de História (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG - Fafich);
Financiadores: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG;
Data de início: 02/12/2022;
Término previsto: 02/12/2023.