
Projeto Manuelzão
Iniciativa visa desenvolver melhorias nas condições ambientais para promover qualidade de vida, rompendo com a prática predominantemente assistencialista.
O Projeto Manuelzão foi criado em janeiro de 1997 por iniciativa de professores da Faculdade de Medicina da UFMG. O surgimento do Manuelzão está ligado às atividades do Internato em Saúde Coletiva (“Internato Rural”), disciplina obrigatória da grade curricular do curso de Medicina.
A partir do histórico de experiências e vivências dos professores e estudantes da disciplina e da percepção de que a saúde não deve ser uma questão unicamente médica, foi esboçado o objeto de trabalho do Projeto Manuelzão: lutar por melhorias nas condições ambientais para promover qualidade de vida, rompendo com a prática predominantemente assistencialista (quando a ação visa resolver o problema de forma paliativa ou temporária).

A partir do histórico de experiências e vivências dos professores e estudantes da disciplina e da percepção de que a saúde não deve ser uma questão unicamente médica, foi esboçado o objeto de trabalho do Projeto Manuelzão: lutar por melhorias nas condições ambientais para promover qualidade de vida, rompendo com a prática predominantemente assistencialista (quando a ação visa resolver o problema de forma paliativa ou temporária).
A bacia hidrográfica do rio das Velhas foi escolhida como foco de atuação do projeto por permitir uma análise sistêmica e integrada dos problemas e das necessidades de intervenções, já que sofre uma série de interferências. Boa parte do seu volume de água é captado na Estação de Tratamento de Água de Bela Fama. Posteriormente o rio recebe uma grande quantidade de esgoto através de afluentes como o ribeirão Arrudas e o ribeirão da Onça, que atravessam a cidade de Belo Horizonte.
A degradação ambiental faz com que o rio das Velhas se apresente em seu trecho mais conhecido como um rio de águas avermelhadas - em grande parte devido à presença de minério de ferro no solo da região - "barrentas", extremamente poluído e assoreado. Praticamente não há vida nas águas do rio ao longo desse trecho.
Devido à sua importância histórica e ambiental, e com o objetivo de trazer de volta a vida à bacia, o projeto foi iniciado. Para que a metodologia de trabalho fosse desenvolvida, foi necessário construir parcerias com os municípios compreendidos na bacia e com o governo do Estado.
O professor Marcus Polignano, coordenador do projeto, afirma que a parceria com a sociedade cresceu consideravelmente ao longo da existência do Projeto Manuelzão, sobretudo no âmbito dos Núcleos Manuelzão espalhados pela bacia. “A nossa luta é grande e tem sido fundamental atuar junto com a comunidade. Já conseguimos várias melhorias, entre elas o tratamento de esgoto da região metropolitana, criação de áreas de proteção ambiental e mobilizações sociais na luta pela defesa do meio ambiente como fator para a saúde coletiva”, completa.
Polignano ressalta que além das iniciativas junto à sociedade civil, é importante que também haja apoio governamental ao projeto e, sobretudo, execução de políticas públicas para “a preservação dos cursos d'água e aquíferos, seja no avanço do tratamento de esgotos ou nas ações de preservação ambiental capazes de manter os rios vivos e saudáveis. Os desafios para implantação de um projeto desse nível, como é o do Manuelzão, são enormes, mas há 26 anos buscamos trazer à tona e auxiliar em questões sociais, de saúde, ambientais e de qualidade de vida da população”.
Destaques e desenvolvimento do projeto
Um dos destaques do trabalho do Projeto aconteceu em 2003, com a Expedição Manuelzão desce o Rio das Velhas. Foram percorridos os 804 Km do rio, da nascente, em Ouro Preto à foz, em Barra do Guaicuí, em 29 dias. Em cada parada, a Expedição foi recebida pelas comunidades locais, escolas e membros dos Núcleos Manuelzão. A iniciativa resultou na publicação do livro “Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais”, que apresenta, no primeiro volume, o diário de bordo da expedição, e, no segundo volume, uma enciclopédia sobre a bacia hidrográfica.
O projeto também desenvolveu a proposta de revitalizar o rio das Velhas. A proposta, denominada Meta 2010: navegar, pescar e nadar no rio das Velhas em sua passagem pela região metropolitana de Belo Horizonte não foi completamente alcançada no período estipulado mas tem o mérito e ter-se transformado em projeto estruturador do Governo do Estado de Minas Gerais.
Em 2005, o Manuelzão inaugurou uma nova agenda cultural. Em novembro daquele ano foi realizado, em Morro da Garça, o Festivelhas Manuelzão: arte e transformação, que contou com a participação de artistas vindos de várias regiões da bacia hidrográfica. Em 2009, o Festivelhas assumiu proporções maiores, tendo sido realizado em maio e junho em Ouro Preto, Santa Luzia, Curvelo, Barra do Guaicuí e Belo Horizonte como parte da programação da Expedição pelo Velhas 2009: encontros de um povo com sua bacia.
Apoio Fundep
A Fundep apoia, por meio do gerenciamento administrativo e financeiro, algumas atividades desenvolvidas dentro do Projeto Manuelzão, com destaque para a iniciativa ‘Ecomed Manuelzão: Monitoramento socioambiental participativo na bacia hidrográfica do Rio das Velhas’. O objetivo é contemplar intervenções socioambientais no campo da mobilização, educação e monitoramento visando desenvolver ações que auxiliem na preservação e recuperação de corpos hídricos dentro de uma lógica revitalização e gestão da hídrica na bacia hidrográfica do Rio das Velhas.
Dentre as atividades desenvolvidas no projeto estão:
- Mobilizar as comunidades e setores privados localizados na região do Alto Rio das Velhas e realizar oficinas que abordam questões da preservação de nascentes e outros mananciais e o conceito de produtores e protetores das águas;
- Envolver a rede escolar na gestão das águas e na necessidade de mudança cultural para um consumo racional e sustentável da água, integrando na escola Manuelzão e Copasa (Chuá Socioambiental);
- Realizar, com alunos das escolas trabalhadas ao longo do ano, projetos hidroambientais relacionados à bacia do Rio das Velhas, culminando em um Fórum das Águas aberto ao público;
- Divulgação de informações de conteúdo socioambiental, visando à mobilização e educação da população da bacia para fortalecimento das ações de revitalização e preservação.
Conheça mais informações sobre o Projeto Manuelzão aqui.
Projeto Manuelzão: Monitoramento socioambiental participativo na bacia hidrográfica do Rio das Velhas’
Descrição: O projeto visa contemplar intervenções socioambientais no campo da mobilização, educação e monitoramento visando desenvolver ações que auxiliem na preservação e recuperação de corpos hídricos dentro de uma lógica revitalização e gestão da hídrica na bacia hidrográfica do Rio das Velhas.
Coordenação: Marcus Vinicius Polignano
Financiador: Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa)
Data de início: 06/2014
Término previsto: 07/2023