
12 de setembro de 2025
Comissão Permanente de IA da UFMG promove primeiro evento do ciclo de seminários sobre a temática
O primeiro seminário de “Inteligência Artificial, Ética e Universidade” teve mesas de debate e relatório de pesquisas sobre o uso de inteligências artificiais nas práticas acadêmicas
O primeiro evento do ciclo de seminários Inteligência Artificial, Ética e Universidade aconteceu na última quinta-feira (11), no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais. Promovido pela Comissão Permanente de Inteligência Artificial da UFMG, encarregada de orientar o uso dessa tecnologia no ensino superior, o seminário propôs mesas de debate a respeito do uso responsável da IA nas práticas acadêmicas, com apresentação do relatório referente à pesquisa de Escuta da Comunidade Acadêmica sobre a temática, além de palestras sobre os desafios e impactos da IA na gestão universitária.
Os painéis iniciaram às 9h, com a presença da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e do presidente da comissão Virgílio Almeida, também professor emérito do Departamento de Ciências da Computação (DCC). Em sua fala de abertura, a reitora destacou a importância da Comissão Permanente de IA da UFMG para pensar a inteligência artificial a partir de mecanismos institucionais, de forma sustentável e ética. “Nós pensamos esse evento como uma reflexão mais ampliada, aberta a toda comunidade, para nos ajudar a traçar os rumos e pensar, também, as próximas ações que serão conduzidas pela Comissão Permanente, também dialogando sempre com os conselhos superiores da nossa universidade”, afirmou.
Responsável pela conferência de abertura com o tema “Desafios éticos e sociais da inteligência artificial na ciência”, sob mediação do professor Ricardo Fabrino, do Departamento de Ciências Políticas, o professor Virgílio Almeida abordou o uso responsável da IA para o desenvolvimento social, por meio da pesquisa e da educação. Para ele, é essencial que as universidades pensem em regras e limites para essas tecnologias e, tratá-las como como instituições é uma alternativa. “Qual deveria ser a forma democrática de governar os algoritmos? Como pensar formas públicas de regulação e gerência, não somente da produção dos algoritmos, mas das consequências que esses algoritmos trazem para a sociedade e para os indivíduos, E como democratizar essas instituições que governam parte de nossa vida atual e vão governar cada vez parte de nossa vida futura?”, questiona o presidente do DCC.
Uso da IA na gestão da Fundep
A primeira mesa de debates do dia teve como mediadora a professora Fábia Lima, do Departamento de Comunicação Social, do professor Ricardo Fabrino e do professor e diretor da Fundação de Apoio à UFMG Walmir Caminhas, da Escola de Engenharia. As apresentações trataram do impacto das inteligências artificiais na universidade a partir de evidências científicas, do relatório da pesquisa realizada com mais de dois mil discentes, docentes e servidores técnicos administrativos e de como o uso dos algoritmos podem ser benéficos à comunidade acadêmica.
O professor Walmir Caminhas trouxe ao debate o uso dos algoritmos na gestão universitária a partir do exemplo da Fundep que, além da UFMG, apoia instituições e projetos que abrangem outras regiões do Brasil. “No ano de 2024, por exemplo, a Fundação foi responsável por gerir 3.351 projetos. Desses [projetos], 2.366 da UFMG. A Fundep aplicou e geriu o recurso na ordem 1,21 milhões de reais”, apresentou em sua fala.
Como forma de otimizar esses processos, a Fundep utiliza de IAs generativas e agentes inteligentes no Sistema de Gestão de Informação (SGI), no processo de validação e gestão de documentos, na especificação de itens de compra, no apoio jurídico e no desenvolvimento de relatórios automatizados. “Então, isso tudo mostra o tamanho da Fundep e a necessidade de ter ferramentas que ajudem essa gestão”, acrescentou o professor Walmir.
Proteção de dados
Embora os algoritmos sejam utilizados para a captação e organização dos dados, tanto internos quanto externos, a Fundação atua segundo as diretrizes da Comissão de Proteção de Dados LGPD, preocupando-se e tomando os cuidados necessários durante o contrato e configuração da máquina e na disponibilização de dados sensíveis na nuvem.
“A professora Patrícia e eu tivemos a oportunidade de assistir uma apresentação longa na Fundep dos vários setores e projetos e pudemos ver na prática esse cuidado com a proteção dos dados, inclusive com o trabalho interno, do treinamento de dados interno, como é que isso é feito, de forma muito interessante. Eu fiquei bastante feliz de ver o trabalho e o cuidado com que a Fundep tem trabalhado”, relata o professor Ricardo Fabrino acerca
O evento prosseguiu ao longo de todo o dia com a realização de mais duas mesas de debate que trataram do uso de inteligências artificiais em pesquisas e questões de autoria, ética e produção de conhecimento a partir desses algoritmos.
Dados retirados do Relatório de Gestão de 2024 da Fundep